Resenha – Clockwork Angels (Rush – 2012)

Tarefa intrincada a de escrever algo no calor dos acontecimentos. Por um lado, não se tem o distanciamento necessário para analisar friamente seu alvo. Porém, a paixão que motiva a escrita fornece rico combustível em si mesma – lenha e calor dentro da mesma locomotiva, um trem fascinado com os próprios vapores.
Ao longo de 2011 e início de 2012, fãs e admiradores da banda canadense Rush se encontravam acometidos de uma imensa espectativa – desde que foi divulgado que o trio estava prestes a lançar um disco de inéditas, e dessa vez conceitual (todas as canções girando em torno de um mesmo tema). O lançamento gradual de algumas músicas avulsas apimentou a coisa, até que Clockwork Angels finalmente saiu do status de lenda para enfim se tornar uma realidade conhecida (esta, pelo que acompanhei dos comentários da maioria dos fãs da banda, muito bem vinda).
E, se por um lado as opiniões são quase unânimes em apontar o disco como um dos melhores deles em muito tempo, me pego pensando que pelo menos um outro aspecto importante para a apreciação desse trabalho deve ser discutido. Diz respeito ao fato de ser uma banda com um currículo de mais de quatro décadas, e isso deve ser considerado em relação ao que esperar da produção desses três brilhantes senhores.
Particularmente, vejo que Clockwork Angels é especial justamente por não por representar um trabalho “inovador” – ou seja, por não mostrar um Rush que quer novamente rodar os dados para encontrar novas combinações, nem tirar novos coelhos da cartola. É uma banda que, reconhecendo-se madura, busca agora sua própria essência. Ao olhar para o próprio umbigo (espaço do corpo onde muitos só enxergam auto-indulgência e pretensão), são capazes de identificar as pérolas e as vísceras do que melhor fizeram em tanto tempo (fato evidenciado na estética e nos temas da turnê mais recente da banda, Time Machine).
Assim, chegaram a um trabalho que soa mais Rush do que nunca. É uma banda que vasculhou o próprio baú, correndo o risco de montar um frankstein de si mesma, mas que felizmente realizou o feito de se mostrar crítica e relevante o suficiente para oferecer seu melhor. A própria iniciativa de um disco conceitual, ambientado em um universo de ficção científica (ou, nesse caso específico, do steampunk), nos remete imediatamente a 2112, primeiro clássico dos caras.
Mas nem tudo é nostalgia ou é referencial. Em CA, a novidade que mais chama a atenção, a princípio, parece ser a inclusão de arranjos de cordas. É um fato aparentemente inédito na carreira da banda (ok, Losing It, de 1982, contava com uma participação de violino, mas nada igual ao resultado de agora), e que, diferentemente de tantos projetos que unem rock pesado e arranjos orquestrais (moda que há cerca de uma década rendeu trabalhos de “medalhões” como Metallica ou Scorpions), não caiu no pastiche. Atuando de forma discreta, o naipe de cordas não prejudica o destaque que oportunamente recai sobre Geddy, Alex e Neil.
Discutidos os grandes designs gerais, é hora de nos voltarmos para as “pequenas vitórias” que são cada uma das faixas de Clockwork Angels. O trabalho começa com as duas canções que haviam sido divulgadas pela banda há mais de um ano: Caravan e BU2B mostram que essa jornada do Rush pela sua cronologia segue em linha inversa, partindo do presente para voltar ao passado. As primeiras faixas divulgadas soam bem afinadas com o material recente, como Snakes & Arrows e até mesmo o EP Feedback. Já a faixa-título carrega algo quase que transcendental, e parece ser a que mais representa (pra mim, pelo menos) a dificuldade em escrever sobre um trabalho ainda tão “fresco”. Nessa faixa, acho que a banda aponta para algum lugar novo e surpreendente.
Dali em diante, é possível encontrar ecos de duas fases específicas da história do Rush: de um lado, os discos dos anos 90, e de outro lado, os discos situados entre Hemispheres (1978) e Moving Pictures (1981). The Anarchist tem diversos momentos que evocam a dinâmica de clássicos como Red Barchetta e traços da sonoridade do início dos 80. Já Carnies é bem sessentista, com a introdução talvez mais pesada do disco, e que contrasta com pontes e trechos bem diversos entre si. Na sequência, Halo Effect apresenta algo da ambientação de Test for Echo (1996), com seus violões a la Resist. E Seven Cities of Gold inicialmente parece retornar aos primeiros discos, graças a seu riff setentista e sua crueza sonora; mas as sofisticadas mudanças de andamento trazem trechos que novamente retomam muito do que a banda fez nos anos 90.
BU2B2é uma vinheta que serve mais como uma espécie de “liga” para o contexto do disco (e, para o ouvinte desavisado, vale como lembrete do caráter conceitual da peça como um todo). The Wreckers é uma espécie de balada folk (temperada, porém, com a sonoridade da banda), cuja dinâmica sem excessos resulta em bons resultados. Headlong Flight é direta na melodia e nos arranjos (apesar de apresentar variações dinâmicas do mais puro virtuosismo e competência). Wish Them Well parece ter saído diretamente das sessões de Counterparts (1993), e não faria feio caso figurasse no repertório do Rush dos anos 90. Por fim, The Garden encerra grandiosamente o disco – repetindo o que afirmei sobre a faixa-título, ouço nessa faixa algo que parece apontar mais para o futuro, ou pelo menos para além de referências já manjadas dentro do legado do Rush.
Para não me alongar mais, me confesso positivamente surpreso com Clockwork Angels: um disco coeso, em que se torna quase impossível detectar deslizes e momentos menos expressivos. Funciona tanto como peça única quanto em suas faixas individuais. E o que dizer da beleza das letras? Temos aí um Neil Peart tão inspirado liricamente quanto em suas percussões explosivas, e tais versos mereceriam uma resenha a parte. A parceria entre o Rush e o produtor Nick Raskulinecz (que já dura há cerca de uma década) finalmente rendeu frutos de altíssimo nível.
Em vez de “dar trabalho pros anjos” (referência a canção Workin’ Them Angels) e deitar e rolar na comodidade, o Rush preferiu mesmo foi trabalhar diretamente com seus anjos, e o resultado acabou sendo primoroso. Se não sair nada melhor em 2012 (o que acho difícil), esse escriba opina que Clockwork Angels é definitivamente o disco do ano. 

Garbage of Industry: reflexões sobre os videoclipes

12jun2012

A cantora Shirley Manson, do Garbage, declarou recentemente que a indústria da música se tornou um verdadeiro “dinossauro”, incapaz de se adaptar à realidade dos downloads e da internet. Tal fato, na visão dela (e na minha também) é positivo, uma vez que quem estava nesse negócio mais motivado por dinheiro que por uma espécie de “amor a música”, teve que cair fora.

Mas o estopim para que eu escrevesse o presente texto não veio dessa específica declaração, e sim de um comentário feito por um internauta em um site aí. De acordo com ele, os “mini-films independentes” que o Garbage fez das músicas novas do disco (imagino que ele está se referindo a isso) não se igualam aos videoclipes antigos da banda. Por isso, sua dedução é que eles hoje em dia seriam apenas “uma sombra do que já foram”.

Discurso perigoso, a meu ver. Acho que depende do ponto de vista do qual esse sujeito está olhando. Se enxergarmos da ótica da pompa e circunstância da indústria dos anos 80 e 90; sim, o Garbage (e mais um imenso contingente de bandas e artistas) são hoje em dia meras sombras do que foram. Mas numa era onde os videos caseiros e espontâneos tem mais acessos no you tube que os clipes megaincrementados de outrora, então a coisa muda de figura.

Vide os clipes atuais dos Foo Fighters, como White Limo (todo filmado em fita VHS) pra comprovar como a questão deve ser relativizada. Estou falando de um videoclipe do disco mais aclamado dos FF, e falando da que talvez seja a banda de rock mais aclamada da atualidade. Ou seja: quem aí está reclamando de que falta glacê no bolo, precisa se perguntar se seu paladar está de acordo com o que a maioria anda saboreando.

Sintomaticamente, uma das mais interessantes séries musicais da atualidade trata exatamente desse assunto. Em Video Killed the Radio Star (transmitida, no Brasil, pelo Multishow e pelo VH1), artistas de sucesso das décadas de 70, 80 e 90 comentam sobre o processo de produção e recepção de seus videoclipes mais famosos. Para nós, cidadãos dos anos 2010, esse aspecto revisionista é uma imensa prova de que o videoclipe megaproduzido não é mais um fenômeno revolucionário.

Sou fã de carteirinha do programa, e assisto até aqueles de cujas bandas nunca simpatizei muito. Logo nas primeiras edições que vi, tive logo de cara uma certeza: não tenho mais paciência pra me sentar num sofá, e dedicar meu tempo à assistir videoclipes. As únicas pessoas que conheço com tal disposição são gente que trabalha na área de produção de video. E, por isso, a tarefa de assistir clipes serve pra eles não só como inspiração, mas também como pesquisa. São raras exceções, porque no geral, assistir videoclipes parece ser mesmo é um convite ao tédio – por melhor que seja a música. Até mesmo os DVDs de videoclipes das bandas que tanto gosto estão aqui guardados, amargando mofo e desuso.

Estou falando sobretudo do que eu acho, mas ao falar de mim, acredito que estou falando de outros tantos fãs e consumidores, que também não tem mais saco pra videoclipes grandiosos. Os que parecem (propositalmente) mal feitos, talvez até sejam suportáveis pelo elemento da auto-ironia. Seu sucesso talvez seja justificado por causa das formas com as quais o público contemporâneo tem se identificado com seus artistas favoritos. Na nossa época de shows filmados em celular e fotos amadoras, não dá mais pra acreditar que nossos estimados ídolos só existem de verdade ali dentro das imagens luxuosas das películas e das requintadas fotos produzidas em estúdio.

Voltemos a declaração de Manson, que causou todo esse texto. Não obstante, é bom lembrar-se que a palavra Garbage quer dizer, em português, lixo, refugo, sobra. Assim, em vez de pensar que a atual encarnação independente da banda é uma sombra daquela que estava filiada as gravadoras, seria bom pensar se ela não estaria de fato mais próxima do que eles realmente representam: do espírito punk, rebelde, visceral, e sem compromissos com um verniz imposto por executivos que tem como único lema “vender”. 

Os clipes sempre foram um complemento mercadológico ao que realmente importa – música. E atualmente, estão voluntariamente assumindo novas formas, para o bem ou para o mal.

Fôlego, Paranóia, Tagarelice… Mineiridade

Se o facebook não é o equivalente a Ágora grega, reunindo os espíritos ansiosos por debates filosóficos e existenciais, pelo menos cumpre um pouco desse papel em nossa época. Tópicos que começam como debates informais, puro lazer de internautas, as vezes tomam proporções complexas, e podem até mesmo esboçar teorias que carregam algo de relevante.

Numa dessas discussões que, mesmo virtuais, flertam com algo do real, o amigo Renan Figueiredo lançou uma curiosa teoria sobre a estética da literatura recifense e mineira: Para ele, a marca registrada de grandes escritores do Recife seria o vasto uso de adjetivos, enquanto que literatos de Minas Gerais se caracterizariam por abundantes vírgulas ao longo de seus textos.

Entrei no espírito da teoria, lançando duas hipóteses pelas quais o escritor mineiro apresentaria essa fascinação com o recurso da vírgula nos seus manuscritos:

1) Fôlego: os mineiros estão acostumados; e os turistas sempre se espantam. Qualquer pessoa com instinto peripatético que resolva fazer um passeio a pé pelas ruas das cidades de Minas, irão se deparar com morros, morros, e morros. Não há preparo físico que resista a uns suspiros. Qualquer narrativa empreendida num desses passeios pelas colinas e montanhas da região será igualmente comprometida (assim como a qualidade do gado daqui, que tem mais osso e menos gordura pelo mesmo motivo). Minha teoria numero 1 sobre as vírgulas é que são uma representação narrativa da falta de fôlego, como um causo qualquer que se conta à alguém enquanto passeia pela cidade.

2) Noia: Mineiro não é só desconfiado dos outros, mas também tem medo da desconfiança alheia. Caso típico de projeção, desses complexos dos quais Freud já tratou há quase um século. Secular é também a fama de “bom moço” que os mineiros tem, sabe-se lá porque. Os livros de história tem versões contraditórias para os mesmos fatos, os discursos destoam da prática. O mineiro parece propenso a se justificar, mesmo quando não fez nada de errado. A vírgula, nessa minha teoria número 2, é uma representação das brechas dentro do discurso, onde o mineiro insere suas frases feitas que tem, como unico intuito, vender um peixe muito mais generoso que o pescador.

Por fim, pedi perdão pela prolixidade nos comentários, algo que vai na contramão do que alguém chamaria “boas maneiras” nos foruns da internet (leia-se “favor não transformar o aspecto descontraído da rede em longas teorizações, metafísicas transcendentes, e afins“). Entretanto, me perguntei se essa não seria outra característica literária do mineiro, além das vírgulas: compensar na escrita o silêncio desconfiado do cotidiano.

Para quem se interessar, veja aqui a discussão na íntegra do fórum original:

Olá pessoal!
Estou postando um desenho aqui que fiz por encomenda há alguns dias – uma ave que acabou de se levantar após um brusco tombo.
Fazia tempo que não postava nada, quase uma eternidade para a agilidade que um blog demanda. O fato é que não sou um ilustrador em tempo integral. Na verdade, sempre pensei no meu lado ilustrador como complemento às idéias que eu tinha pra quadrinhos.
Assim, o fato de que eu não ilustro com frequência certamente vai se refletir em um blog desatualizado. Mas tem outros desenhos recentes na fila que devo botar aqui em breve.

Capas personalizadas de DVDs – parte 2

Nesse tutorial, vou ensinar como fiz a capa de um DVD que criei (para uso pessoal, não comercial) da banda Kings of Convenience (clique abaixo para ver a capa maior).
Quem são os Kings of Convenience? Descubra aqui.

 

Duas coisas que você precisa ter em mãos (melhor dizendo, precisa ter no PC) para fazer as capas, além dos programas necessários, são um bom pacote de fontes, e um bom pacote de texturas. Você encontra tanto um quanto o outro na internet de diversas maneiras, em boas opções gratuitas. Ainda sobre as fontes, uma busca rápida no google vai ensinar como salvar as fontes no PC, algo que deve ser feito antes de usá-las.
Enfim, você pode pensar num layout funcional para a sua capa de duas formas: uma, é criar um visual a partir da fonte que você achar mais bacana. Por exemplo: se você cismou que quer fazer uma capa com uma fonte de estilo meio “clássico”, você pode usar texturas mais clássicas (como fundos tipo madeira, palha, mármore, etc.), bordas clássicas, e tudo o mais para combinar com a fonte.
Ou você pode escolher a textura e ir testando as fontes em seguida, para ver qual combina melhor. Foi essa a alternativa que eu fiz, mas é uma saída mais preguiçosa, e pode te levar a resultados finais meio estranhos. No fim, acabei ficando satisfeito, e como as capas que criei não tem pretensões comerciais (mesmo tendo atraído o interesse de algumas pessoas que mostrei), então não me preocupei com a coerência total do visual dessas capas.
Preciso dizer que eu nunca fiz cursos profissionais de desenho ou mesmo de design. Sou autodidata nessa área, e minha escola é quase sempre a internet mesmo. Trabalho intuitivamente, tentando relativizar os resultados visuais com minha bagagem teórica de outras áreas. Acho que isso torna a aventura de criação de capas um tanto quanto interessante; é como pular de para-quedas sem a proteção necessária (mas sem o risco de se estatelar no chão, afinal, fazer uma capa de DVD é algo aparentemente inofensivo). Não é um caminho confiável, e vários erros acabam aparecendo, mas isso tudo depende do que você quer alcançar nos resultados do seu trabalho.
Usando o acaso a seu favor

Quando fui fazer a capa do Kings of Convenience, por exemplo, eu tinha idéias pré-concebidas do que queria fazer. Nada muito definido, mas havia pensado em algumas coisas. Entretanto, ao procurar as imagens para a capa, me deparei com dois desenhos tão bons, que eles acabaram mudando todos os meus planos. Foram feitos por fãs aparentemente “anônimos”, mas muito talentosos. E ambos tem uma tonalidade meio marrom, meio amadeirada. Como gostei deles, acabei criando a capa baseada nessa tonalidade de cor.

Chequei um pacote de texturas que tenho no PC, e achei duas texturas de fundo que acabei usando, ambas marrons. Na parte frontal, como o tom marrom de ambas era semelhante, fiz uma borda branca para dar a diferença. Percebam que a textura usada na parte da frente é de um marrom mais escuro que o da parte traseira da capa.

Atrás, usei essa textura de marrom claro, que me permitiu não só usar o desenho dos violões abaixo sem precisar de bordas, mas também usar uma cor marrom escura para o nome das músicas. Se fosse uma textura escura demais, não ficaria legal usar fontes marrons ou pretas (talvez eu teria que usar fontes brancas). Como não usei as bordas brancas no desenho, aproveitei para usá-las na foto dos dois integrantes do Kings.
Sobre o desenho, devo mencionar alguns recursos bem legais que utilizei: primeiramente, ele é originalmente bem maior, como vocês podem ver logo abaixo:
Para caber bem na contracapa, eu o recortei, deixando os dois violões em destaque, saindo da moldura do desenho. Além de se integrar ao espaço disponível, isso evidenciou o belo recurso que o desenhista usou na cabeça do violão, desenhando duas coroas (uma alusão ao nome da banda).

Para preservar o estilo do desenho evitei ao máximo ter que “redesenhar” em cima do trabalho original. Então recortei a borda superior do desenho, e a coloquei mais abaixo, onde recortei o desenho. Apaguei alguns pedaços dela, onde os violões “saem” do quadro, e como não teve jeito, redesenhei as bordas (para anular o aspecto “recortado” em que elas estavam).


Em seguida, fiz um sombreado abaixo do desenho, que sugere idéia de profundidade. Usei esse mesmo recurso no título frontal da capa, mas por motivos diferentes: a fonte que usei deixava o nome da banda muito confuso. Por isso, o sombreamento tinha como intenção reforçar as letras. Também com essa intenção eu fiz um sombreado com cores brancas dentro das letras do título.
Esses excessivos recursos que usei no título da capa foram uma verdadeira gambiarra, que se deveu ao fato de eu ter simpatizado com essa fonte. Queria usá-la de qualquer jeito, mesmo achando que ela parecia muito confusa. Na minha teimosia, utilizei então desses artifícios, e só vim a perceber esse equívoco depois que imprimi a capa.
Por preguiça, não a refiz, e deixei assim. Como é uma capa de uso pessoal, acabei não sendo tão perfeccionista. Mas é sempre válido nessas situações imprimir versões de teste e ver como sua arte fica no papel. A impressão é sempre transformadora, e te mostra detalhes que o monitor esconde. Principalmente sobre as cores, que podem parecer de um jeito no computador, mas no papel ficam mais claras ou mais escuras (esse problema das cores aconteceu na capa que fiz para o Fleetwood Mac, da qual vou comentar a respeito em outro post).

Capas personalizadas para DVDs – parte 1

Fiquei muito tempo sem postar, por vários motivos: defesa de mestrado, festas de final de ano, conexão de internet que deu problema… mas agora (quase) tudo resolvido!
Enfim, esse post é pra compartilhar com vocês um dos hobbies que executei nesse fim de ano: criar capas personalizadas para DVDs (clique nelas para ver maior). Você só precisa de alguns programas, imaginação para criar e, claro, tempo.
Tudo certo, mas aí você deve estar pensando “ei, mas esses  videos (e algumas imagens) que você ‘afanou’ da internet não estão protegidos por direitos autorais”? Pois é… sim! Na verdade, esse hobby todo não deve, em tese, ser usado para fins lucrativos. Em termos de legislação, a coisa é mesmo toda ilegal. Mas se torna legal (no sentido de ser “legal” mesmo) pelo fato de ser personalizado, de ser um souvenir único do artista que você admira. Mesmo que você use videos conhecidos, você monta a coletânea do seu jeito, e com uma capa exclusiva. Aí é que mora o barato.
No meu caso, o que me motivou a criar esses DVDs foi o fato de que os videos que eu buscava não são comercializados. Vários deles foram ripados de antigos VHS por internautas, e você não vai achar para comprar nem que você queira.
Etapas do Processo
Antes de mais nada, eu baixo no You Tube alguns videos de artistas que eu quero montar o DVD, com a ajuda do JDownloader. Esse programa serve para baixar arquivos particionados, como esses filmes de 700 mb que os internautas dividem em pequenos arquivos de 20 mb, por exemplo. O JDownloader arquiva os links, e vai baixando automaticamente, nos poupando de ficar supervisionando os downloads o tempo todo.
Mas para baixar os videos do You Tube, eu usava uma função mais simples do JDownloader, que é baixá-los no formato MP4. É só ir clicando nos links (nem precisa abrir os videos) e ele vai baixando.
O primeiro DVD que quis montar foi da minha (atual) banda preferida, o Kings of Convenience (a capa dele está logo acima). Fui baixando videos no You Tube e dividindo por shows específicos e/ou grupos específicos, como por exemplo videoclipes, apresentações de televisão, shows no Brasil, shows em tal lugar, etc.
O próximo passo é correr atrás de imagens legais dos artistas, e para isso, eu utilizo o Google mesmo. Vou na aba imagens, que fica no canto superior esquerdo, e procuro por fotos em alta resolução dos artistas para usar na capa. Esse recurso evita que você utilize fotos de resolução melhor, que mesmo parecendo bonitas no monitor do seu computador, podem apresentar um aspecto serrilhado quando for imprimir.
Bem, aqui devo alertá-los de uma coisa importante: Mesmo que o resultado final desses DVDs pareça satisfatório, algumas medidas podem parecer, digamos, meio toscas. Por exemplo: alguns videos do You Tube tem uma resolução muito baixa. Então, seu DVD não vai se parecer muito com um DVD profissional, comprado em loja.
Outro alerta: na hora de fazer as capas, existem programas adequados para trabalhar as imagens e as fontes. Eu usei programas que são feitos para criação de imagens (como o Corel Painter e o Opencanvas), mas em termos “profissionais”, isso é errado. Recomendo que sejam usados programas como o Corel mesmo, que são especificamente para edição de imagens. (Detalhe: Citei o Corel como exemplo, porque vários profissionais da área me disseram que ele já está ultrapassado).
Estou escrevendo novos textos para postar aqui, explicando como fiz cada uma dessas capas. Minha idéia é compartilhar toda a lógica por trás do processo de criação delas. Entretanto, recomendo que vocês não se prendam exclusivamente aos programas que eu citarei, porque bem sei que existem alguns mais sofisticados que os que acostumei a trabalhar (exemplo disso é o You Tube Catcher, um programa muito melhor para baixar videos do que o JDownloader, e que eu não utilizei por pura e simples preguiça).
Portanto, postarei aqui em breve textos mais detalhados sobre como fiz cada uma das capas, aguardem.