Cem Palavras
Te leio na folha em branco
Remanso que tanto me diz
Sua luz é o seu mistério
Que floresceu sem raiz
Nem vou decifrar seus olhos
Segredos que sabem dançar
Poemas de puro éter
Feito um cinema noir
Cem Palavras, uma a uma
Rasgam Verbos
Emudecer é bem maior que os versos
O inverso do dizer
*
Estrofes – C7+ – F7+ – C7+ – G#7+ – C#7+ – Bbm7 – G#7+ – Fm7
Refrão – C#7+ – Bbm7 – Am7 – G#7+ – Fm7 – F/Bb7+ – Gm (G)
Novela Vaga
Você é só um vulto e ninguém sabe quem eu sou
Posso ser o Chaplin e você Marilyn Monroe
Não há passado em nossa Máscara real
Temos carta branca no mundo Virtual
Eu… Nasci para errar
Você… Quem pode perdoar
Eu… Sou tão humano
Você… Inspira meus planos
Se um Deus pisar num palco sua arte não vai nos emocionar
É a imperfeição o ingrediente que consegue nos tocar
Você me instiga como um filme do Godard
Não foi Truffaut quem me ensinou a amar
Nossa vida dura mais que uma Cena
O Enquadramento nem sempre vale a pena
Eu…Erro sem saber
Você… Finge que não vê
Eu… Te faço sorrir
Você… Me inspira a agir
Mesmo o que é mecânico não se movimenta sem Calor
E as Estátuas só tem vida na cabeça de quem as observou
*
Estrofes: G – A
Ponte: G/Bm – A7
Refrão: C – D
Melodia de Narciso
Eu tenho saudade que não leva a nada
Espero por frio que não chega onde estou
Tenho mais saudade daquilo que acabou
E o que eu preciso está bem onde não vou
O tempo agora não está a meu favor
Não sinto hoje ou depois o seu calor
Não pretendo descobrir
Até onde é preciso ir
Só assim descubro o tempo que passou
E nossa verdade que não sei onde deixou
Esqueci nossas idades, nossas faces e o sabor
Fiquei perdido nas esquinas, renasci da dor
O tempo agora não está a meu favor
Não sinto hoje ou depois o seu calor
Eu preciso descobrir
Que você é o meu reflexo no fim
*
Intro: Bm – F#m – Em
Estrofes: Bm – F#m – Em – F#m
Refrão: G – Bbdim – Bm (7) – G – Bbdim – Bm – C#m – D7+
Diógenes
Alexandre o Grande nunca viu
um homem que não fosse servil
Sim, tudo queria ter,
e o seu cavalo Bucéfalo
tinha mais poder
que qualquer civil
Foi Heféstion quem ouviu falar
Sobre um filósofo a vagar
Não, este não era servil,
e também morava em um barril
É Diógenes
É um cínico
Cavalgou da Pérsia sem parar
Alcançou Atenas pelo mar
Sem ouvir Aristóteles, procurou
Pelo tal Diógenes
Que lá do Liceu
Se escafedeu
Deitado na relva de Corinto
Alexandre, enfim, o encontrou
Em sua proposta, foi sucinto
“O que desejares, eu lhe dou”
Pedirá estátuas ou reinados?
Ouça seu Diógenes falar:
“Por favor, desvie para o lado
Deixe este sol me bronzear”
*
Intro: C – Bb (2x)
Estrofes: G7 – F7 – C (2x) – D – Am (2x) F7 – Bb7
Parte final (itálico): Eb7 – D7 – G7 (2x) F – C – E – A7 – D (D7)
Com Você
cedo devagar
nada pode ser
quando na distância
azul se abrir
a se debruçar
sobre todos nós
sobretudo em mim
que vou sair
sem você
a cidade vem
sem você
o cinema vai
sem você
mas vou sair
quero dividir
quero dialogar
ergo o horizonte
ao pôr do sol
quero distrair
quero desligar
quando em resistência
a luz se for
com você
a saudade vai
com você
o dilema vem
com você
mas só se for
*
Intro: G – F#/G – F – C – Cm – G7+ – Cm7/9 – G
Estrofes: – C – G/B – Am – G7+ – Cm7/9 – Gm7 – Eb7+ – Em7
Refrão: Eb7+ – Bb7+ (2x) Cm7/9 – Gm7 – Fm7 – Eb7+
Sentido Vago
voo do alto daquele edifício
mas falta asfalto pra decolar
e o que você vai dizer sobre isso?
me diga você pra onde vou
chego na beira do meu precipício
tão longe, longe, longe daqui
eu que não tenho nem asas pra isso
só quero saber o que é o amor
o que lhe faz perverso
o que lhe faz asséptico
e, ao mesmo tempo, simples?
para entendê-lo há que ter desperdício
de horas, dias, meses, ou mais,
e ainda assim não saber-lhe nem isso
entenda você pra que o amor
o que lhe faz sentido
o que lhe faz tão lógico
e, ao mesmo tempo, vago?
oh meu amor
e por que meios se chega ao princípio?
divago meio que nem sei lá
dúvidas vêm mas não seja por isso
indago, afinal, cadê o amor?
Desconectar
Mesmo a fim de esquecer
Nossa música na rádio
Me lembrava de você
A parede já sem cor
Polaroide implacável
Revelava o nosso amor
Hoje posso deletar
As memórias na lixeira
Num segundo formatar
Feito um computador
Te bloqueio e esqueço
Que um dia senti dor
E a tela mostra outro alguém
Nomes inventados, mas, tudo bem
E se qualquer coisa não fluir
Desconectamos sem despedir
Frase Sem Plural
Espero alguém
que ainda não conheço e nem
sempre desconheço porque
o eco do que foi
já era o que será
Seu adeus é um
eterno regressar ao que
foi sem me deixar
e retorna por escrito
para se cantar
A saudade é um parêntese
Numa frase sem plural
Um verso é
escrita sem palavras ou
canto sem refrão e o fim
volta onde começou
Na prosa se versou
Um verso tem
Um pouco do universo e
por isso é tão plural e assim
pode se somar
sem ponto final
*
Com tom em D:
D – F# – Bm7 – A – G – D/F# – Em7 – A
Canção Escondida
Aquele gesso que restou dos meus tropeços de amar
Tantos erros nesse acervo pra ninguém pesquisar
Mas ao ver seu sorriso de liquidificador
Me desregrei, me desconfigurei e me despi da dor
Eu tenho uma canção escondida
Na chaga que você abriu
São tantas as cifras perdidas
As que você não ouviu
A canção que eu nunca cantei pra ti
Nas cordas dessa solidão
Acabou sendo o que nunca quis:
Um sussurro na multidão.
Quando te penso no mundo, vem um medo sem fim
Solta no vento, aqui dentro, no tormento de mim.
Pus os pés no chão, e fiz das uvas este vinho
Nas vinhas do coração que amadureceu sozinho.
*
Estrofe: (D- Bm7 (B-13) Em7/9 – G (2x) – F7 – A-13 ) passagem: C# 13
Refrão: (F#m7/9 – E7/9 (2x) D7M+ – C#7)
Primeiro de Abril
É triste saber que fui calor pro seu colchão
Vontade passageira de um errante fanfarrão
Que não se apega a nada e não sabe o que é saudade
E nem vontade
Bem que minha mãe dizia:
“Fique longe de rapaz com violão”!
A menina dos meus olhos parece se afogar
É lágrima demais pra pensar em enxugar
Só sobrou a poesia no papel de pão
E o violão
Que compôs um réquiem pra minha alegria de verão.
Fui só um arranhão no seu disco de vinil
Só uma promessa de primeiro de abril
Tenho que viver assim, com essa fratura exposta
Mas estou disposta
A te esquecer de vez, te esnobar, ou te beijar, talvez…
*
G – C – Am – D – D#dim – Em – D – Am – G/B – C (C7+) – D (D7)
Supernova SG-532
Estratosférica luz
Estandarte do sol
Uma pedra no céu explodiu
Por toda América ouvi
Majestade do som
A impávida voz que espalhou