Mas não me recordo de ter recebido nenhum desses arremedos literários com a assinatura de Rubem Alves. Fico aqui especulando os motivos. Diferente de autores como Paulo Coelho, Alves era muito bem sucedido ao aliar elegância e simplicidade. Suas frases parecem as pinceladas de pintores experientes, que só depois de uma longa caminhada da alma e da técnica alcançam um traço de encantadora espontaneidade.
Enfim, não vejo como negativo essa história de uma obra literária apresentar ganchos e repetições que facilitem imitadores. Cada estilo é um mundo a parte, e funciona a seu modo. Veríssimo é inimitável, apesar de seu texto jocoso e (falsamente) acessível incitar os falsários a tentar. Rubem Alves talvez tenha sido poupado das clonagens devido à sua sobriedade e sua lucidez, aliadas também ao horizonte de leveza e beleza que mirava sempre.
O educador e filósofo é daquela qualidade de pensador que conseguiu ser acessível sem apelar a estereótipos. Tanto em sua postura de homem público quanto na essência de seus livros e declarações, a porção vaidosa de sua humanidade ficou em segundo plano, privilegiando sua mensagem de validade inexpirável. Rubem Alves flertou com a eternidade ainda em vida, e tornou-se universal para sempre.